sexta-feira, 4 de abril de 2008

Súplica

arranca-me os olhos para que possa descansar.
só esta noite. e por um instante tão breve como uma amiba.
não sei se resistirei muito tempo sem eles.
mas preciso que os subtraias ao meu rosto e os laves. à torneira, mergulhados no guarda-jóias de limoges ou na concha das tuas mãos sob a chuva. fica ao teu critério. mas não posso esperar nem mais uma hora.
peço-te, em exausta prostração.
se consegues ouvir-me, escova-lhes toda a lava e horror,
retira-lhes o medo, a morte, a dureza mineral.
e deixa ficar apenas o que vive.
as flores. o galope dos corações. o brilho celeste.
e o barulho do mar.

3 comentários:

lamia disse...

A alegoria é um tanto ao quanto macabra, embora James O'Barr pareça não compartilhar da mesma opinião. ;)

Berta Cem Mil disse...

Longe de mim competir com o pérfido O'Barr, mas macabra também sou... o belo horrível agrada-me e às vezes vejo poesia no terror.
é o que dá ter sentido do trágico. e saber que a vida não passa de uma grande comédia negra...
Beijos, obrigada pela visita (e cumprimentos à família)

Valsa Lenta disse...

Simplesmente Belo e Brutal!
Penso voltar.

Felicidades