sexta-feira, 4 de julho de 2025

Época balnear

um inesperado encontro à porta do elevador.

a voz conhecida,

os olhos de sempre,

o corpo em forma, 

a indiferença reforçada,

o vago constrangimento,

a raiva desdobrada em mágoa,

a sede de vingança.


as palavras claras

e a resposta trôpega. 


a novidade:

o pássaro tatuado no braço

pelo lado de dentro,

tributo aos antepassados,

qual dívida de sangue, 

em contraciclo com os factos, 

uma vida alheia à vocação famíliar. 


o resultado:

a nostalgia de volta, 

uma espécie de culpa, 

a confusão, a dúvida, 

a angústia colada à pele 

como suor que nenhuma água lava.


à noite,

torno a dar banho às lágrimas,

arrefeço gota a gota e

lentamente

volto a endurecer.

 

está reaberta a época balnear. 

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