estava viva quando
juntava palavras
arrumava gavetas
dava de comer aos gatos
perdia tempo nos poemas porque mulher não tinha
e os pássaros, de viagem, pousavam na minha cabeça
mas viver é outra coisa
vivia quando tirava a fome ao sacro
e arrancava a tua roupa, a tua boca
ao trago e à dentada
músculos a ranger
os dentes a adivinhar
o desígnio desse encontro,
era claro, talhado para a prematura morte
