terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Prematura

estava viva quando 

juntava palavras

arrumava gavetas 

dava de comer aos gatos

perdia tempo nos poemas porque mulher não tinha

e os pássaros, de viagem, pousavam na minha cabeça


mas viver é outra coisa


vivia quando tirava a fome ao sacro

e arrancava a tua roupa, a tua boca 

ao trago e à dentada

músculos a ranger

os dentes a adivinhar

o desígnio desse encontro,

era claro, talhado para a prematura morte