matar amor devia ser crime.
delito grave com punição à altura.
a forca, a faca, a solidão.
matar amor devia ser crime.
mas não.
é um mal menor apenas
quando aos poucos é o amor que te mata.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Pensamento indómito
queríamos um amor tranquilo, mas não soubemos domá-lo.
hoje subsistimos,
abraçadas à dor que nos sobrevive.
sem consolo neste mundo.
hoje subsistimos,
abraçadas à dor que nos sobrevive.
sem consolo neste mundo.
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Fui
fui à memória recolher incêndios nossos.
(sem alimento, as línguas extinguiam-se aos poucos.
mas eu ainda conseguia arder.
fui à memória recolher incêndios nossos.
embalei-os ao colo e como anjos ascenderam às nuvens.
(deparei-me a sós com o espelho
e a sensação de ti esvaziada de carne.
colada às mãos.
a minha pele que
como um casaco te agasalhava
emagrece agora
nesta abrupta noite de estrelas apagadas,
neste instante que me sufoca.
neste instante que me sufoca
dobro-me sobre mim, empilho imagens
e fico a repetir-me no eco.
em silêncio o coração dói melhor?
(sem alimento, as línguas extinguiam-se aos poucos.
mas eu ainda conseguia arder.
fui à memória recolher incêndios nossos.
embalei-os ao colo e como anjos ascenderam às nuvens.
(deparei-me a sós com o espelho
e a sensação de ti esvaziada de carne.
colada às mãos.
a minha pele que
como um casaco te agasalhava
emagrece agora
nesta abrupta noite de estrelas apagadas,
neste instante que me sufoca.
neste instante que me sufoca
dobro-me sobre mim, empilho imagens
e fico a repetir-me no eco.
em silêncio o coração dói melhor?
domingo, 1 de novembro de 2009
Breve
naquele tempo deixava-me ficar nas horas tristes. guardava sorrisos de ternura na algibeira, nas veias inércia, pássaros melancólicos amarrados ao pensamento. asas atadas, vida nenhuma. só a minha carne a amadurecer no veludo do sofá e as manhãs a chegar tarde demais.
depois encontrei-te.
havia um desejo palpável sentado à mesma mesa, presença real como um amigo, na cadeira do medo ao nosso lado.
tu eras o prodigioso fruto, a frescura feita luz a despenhar diamantes.
breves no mundo somos, disseste,
breves como punhais.
e de repente falámos de amor.
tudo começa como começa a chover e nós começámo-nos nesse instante. e eu disse:
o amor é um labirinto de renda,
sempre com enigmas por percorrer.
e tu disseste: o amor é a resposta.
mas, como eu, sabias.
depois encontrei-te.
havia um desejo palpável sentado à mesma mesa, presença real como um amigo, na cadeira do medo ao nosso lado.
tu eras o prodigioso fruto, a frescura feita luz a despenhar diamantes.
breves no mundo somos, disseste,
breves como punhais.
e de repente falámos de amor.
tudo começa como começa a chover e nós começámo-nos nesse instante. e eu disse:
o amor é um labirinto de renda,
sempre com enigmas por percorrer.
e tu disseste: o amor é a resposta.
mas, como eu, sabias.
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