terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Promessa

estávamos no sofá, como de costume. a conversar. enquanto o Bird assobiava. tínhamos acabado de apagar mais um charro, havia fumo a subir pelas paredes e frémitos a descer pelas minhas costas. sentia já aquele suave torpor a caminhar-me nas veias, nos olhos o habitual rasto de sangue, a cabeça em remoinho.
olhei para ti, afaguei a tua mão muito levemente e disse:
um dia escreverei um romance sobre nós.
conseguias, amor meu, perguntaste.
claro, respondi com um sorriso quase tímido,
sem saber que falava verdade.
a sério, insististe, entre a excitação e a incredulidade.
sim, e vai chamar-se junkie love, decidi,
agora de sorriso mais aberto, convicto.
depois beijei-te durante cinco minutos inteiros.
afastei-me e perguntei:
fumamos mais um?

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