não espero riquezas nem ambiciono alegrias,
ou que me oiças os versos
e os repetidos risos
(sei que só a boca pelo amor tocada
ganha voz
pois também as folhas
mudas permanecem nos ramos
enquanto o vento não as faz cantar.
e assim nas formas balsâmicas do silêncio
encontro eu a casa das minhas palavras
(tuas
como o velho sofá
onde jaz o pequeno buda de pedra
há anos escondido
da inveja.
nenhuma morte nos afastará
(segredou-me ele antes da queda
e eu quase acreditei: no calor da tua mão
a fé era fácil como caminhar.
passo, como sabes,
pela tua vida e a minha
como passei
de asas caladas e alta glória
e hei-de passar ainda
rasando a tua janela
na plumagem do pássaro de yeats
apontando a bizâncio e junto aos sábios
descarnada e a rebentar de febre
(alma e coração no artifício
trabalhoso da eternidade.
só os frutos nas árvores são perfeitos e mesmo assim
nem todos,
dizes quando passo.
eu aceno ao mundo aí em baixo e digo,
que múltiplas manhãs de verão te sucedam,
em tremenda e perfeita humanidade
(contradição de quem nada pede, exigindo tudo
tanto dá.
morrerás, como eu
de flor ao peito e fios de esperança no cabelo.
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
Hoje não há festejos
queria contar-te os meus dias novos
e de como consertei
os meus sonhos e as persianas
que me descem sobre os calafrios
até à espinha (dura de acordar
gostava de te falar dos mundos que estranho,
das guerras sem tradução no teu idioma,
das pazes que não fizemos, das mãos quentes
apagadas no cinzeiro,
e não forçosamente ao ouvido
nem abraçada (sequer
queria mostrar-te como abro e fecho as portas desertas
por onde passam as noites a caminho do bairro
de braço dado
às duzentas mortes com nome de mulher
que conheci
e dizer-te que a vista me abisma e a luz do amor me doi
mais ainda do que a memória
mas hoje
não há festejos, não há
chuva e dilúvio
nem prato e faca
ou vinho ou queijo (ou chá e pão
só este canto maduro, enxuto de lágrimas
a rasgar (teimoso
o silêncio de gelo dos teus últimos olhos.
e de como consertei
os meus sonhos e as persianas
que me descem sobre os calafrios
até à espinha (dura de acordar
gostava de te falar dos mundos que estranho,
das guerras sem tradução no teu idioma,
das pazes que não fizemos, das mãos quentes
apagadas no cinzeiro,
e não forçosamente ao ouvido
nem abraçada (sequer
queria mostrar-te como abro e fecho as portas desertas
por onde passam as noites a caminho do bairro
de braço dado
às duzentas mortes com nome de mulher
que conheci
e dizer-te que a vista me abisma e a luz do amor me doi
mais ainda do que a memória
mas hoje
não há festejos, não há
chuva e dilúvio
nem prato e faca
ou vinho ou queijo (ou chá e pão
só este canto maduro, enxuto de lágrimas
a rasgar (teimoso
o silêncio de gelo dos teus últimos olhos.
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