queria contar-te os meus dias novos
e de como consertei
os meus sonhos e as persianas
que me descem sobre os calafrios
até à espinha (dura de acordar
gostava de te falar dos mundos que estranho,
das guerras sem tradução no teu idioma,
das pazes que não fizemos, das mãos quentes
apagadas no cinzeiro,
e não forçosamente ao ouvido
nem abraçada (sequer
queria mostrar-te como abro e fecho as portas desertas
por onde passam as noites a caminho do bairro
de braço dado
às duzentas mortes com nome de mulher
que conheci
e dizer-te que a vista me abisma e a luz do amor me doi
mais ainda do que a memória
mas hoje
não há festejos, não há
chuva e dilúvio
nem prato e faca
ou vinho ou queijo (ou chá e pão
só este canto maduro, enxuto de lágrimas
a rasgar (teimoso
o silêncio de gelo dos teus últimos olhos.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
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