terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Se lhe pões um ponto

esse verso diário
que na tua boca
se forma às nove
trago no ouvido
(disfarçado pelo sol nos cabelos

o amor que me dás
arrumo na lancheira
e como à secretária
quando bate a uma
(com talheres de tinta e verbo

pára-me o pulso
à roda das seis
treme-me a folha
as mãos descaem
(pela imprestável memória

às oito sacudo
o vento do casaco
sento-me à mesa,
mordo o lábio
(enquanto chegas para jantar

o silêncio vem
abraça a alma
abro-me, dispo-te
passa das onze
(ressoam suspiros pelo quarto

e cresce, cresce
como menino
o nosso poema
noite adentro
(tão bem ajustado ao tempo

se lhe pões um ponto, eu ainda o publico

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