já não acreditava em lugares proibidos.
tinha tirado o avental,
despido a frieza,
e parado de andar pelo mundo
a morder o lábio de inocência fingida.
estava a viver um grande amor
gracioso, puro e justo
pela primeira vez
e já não era nova
mas ainda pensava que as dores
do coração a fechar-se
eram só imaginação.
avancei sem temor
e descuidadamente
pelo caminho estreito
onde éramos corpos a um só ritmo,
almas em rimas perfeitas,
sentidos únicos rumo ao céu.
(porque o medo da perda não falaquando se tem beijos garantidos a cada dia
e tantas noites de carne roubada à fome.
mas certo é que o incerto desatou a gritar.
rasgou-me a língua,
assombrou-me o balanço.
e desse tempo
em que sonhar era permitido e o futuro possível
restou só o vestígio de um reinado breve
feito de verdade
forrada de ilusões.
o grande amor morreu depressa afinal
mas ainda estou aqui.
e sigo sem acreditar em lugares proibidos.
Sem comentários:
Enviar um comentário