sábado, 11 de junho de 2011

O silêncio é de pedra

é ascendente o trajecto que me leva aos teus braços.
vou resoluta como quando atava fios de pranto aos pulsos
e temia os teus olhos.

atropelo a mulher descalça
que caminha no sentido contrário do amor,
a atirar-se contra os passeios
e a espreitar pelas janelas.
ignoro o homem de cinza que vende
pantomimas tão perfeitas que parecem vidas
e parece feliz e sabe onde vou.

enfio pelas ruas impossíveis, pelas arestas
pelos passos sombrios.
na subida
não reparo nos anjos como dantes
nem nos lábios bravios das raparigas,
às vezes encosto-me a uma rocha e durmo
e aos sábados paro para sonhar.
pela manhã
lentamente dou corda ao relógio da nostalgia
e na solidão que procuro encontro a tua voz que repete
o silêncio é branco
o silêncio é preto
o silêncio é de pedra

não parte.

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