longas são as horas em que redesenho o teu rosto
na superfície indefinida da memória
só o espelho sabe que ainda me mexo
enquanto retomo o tremendo amor
que numa noite despida me entregaste,
muito antes de te escrever o primeiro poema
e do efeito secundário dos teus olhos na minha boca.
longas são as horas em que me adio pelo teu corpo
na superfície segura da memória
observo-te a dançar she works hard for the money
e depois a fatiar corações numa tábua de pinho
como se não tivesses outro quotidiano que te servisse.
pergunto-te por mim,
se me vês e se
ainda te lembras do sismo suado que nos fendeu o peito.
tu dizes,
sou uma menina sem maldades,
e temendo que eu duvide apressas-te a puxar o decote.
longas são as horas em que te cubro de terra
na superfície calada da memória
em êxtase olho a paisagem que me resta até ao fim da fome
e desconvoco o cheiro a flores e os violinos.
tu encostas-te ao parapeito e sonhas comigo.
terça-feira, 14 de junho de 2011
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