terça-feira, 2 de agosto de 2011

Rotação

enquanto acordas, eu
lucidamente consigo ouvir-te a largar dos membros
o repouso.
vejo acender-se claramente
essa pequena, como eu
temerária chama
de terno amor jovem (à
um quarto para as duas,
afadigada e radiante
como os anjos de luz, as ameixas e as alvoradas tardias
que à volta dos teus braços se enrolam,
pulseiras de lume
em rotação,
rosas dos ventos com sentido,
ramos frágeis numa equação em espiral
sem esfera definida
ou categoria sequer. liberdade em movimento.

enquanto tu,
nua,
acordas, eu (à
um quarto para as três,
sorrio horas adentro
em contido júbilo, mas real.

és minha e viva
e quase te permites aceitar
a vontade da alegria, o meu tamanho e inclinação.
acordas (à
um quarto para as cinco,
para o meu rosto sonhador,
e tocas-me
até ao coração enquanto o mundo dorme
e os morcegos cantam
ainda.

abres os braços, as pernas,
a alma,
e eu (à
um quarto para as seis,
esqueço-me do tempo
e naturalmente
entro em ti.

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