não foi num baile real que nos encontrámos,
mas quase.
sem tafetás nem laçarotes,
sem máscaras, nem sequer as de agora, sanitárias,
sem brilhos nem maquilhagem ou tiaras nos cabelos
e no entanto dançámos.
um passo, depois outro,
três voltas à pista, ou mais
palavras gritadas aos ouvidos, gelo a derreter nos copos
e os sorrisos a insinuar beijos,
até ao toque na pele que dali para fora nos levou,
em suspiros ansiosos e curiosa incerteza.
pouco depois,
por magia de fada madrinha
ou destino acabado de nascer,
inventámos a alegria de caminhar lado a lado
de mãos entrelaçadas
e vento no rosto
mas tínhamos os olhos voltados para dentro
e não vimos o mesmo no horizonte
portanto ao soar de uma meia noite escura de inverno
fugiste.
deixaste para trás o coração, mas não corri atrás de ti
faltava-me caber nos teus sapatos.
terça-feira, 2 de junho de 2020
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