terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Por onde começar

era o seu primeiro amor adulto
e não sabia por onde começar o fim da saudade.

todos os seus sonhos adoeceram
com um sorriso em falta.
e a voz da culpa voltou a apontar-lhe as falhas.

viu-se ao espelho e não se reconheceu,
deu-se ao caderno em branco
e diluiu-se em tinta para soletrar o amor.
passou a frequentar templos de enganar vácuos
e hospitais para comparar feridas.
tornou a enrolar-se no tecido do medo,
de espada em punho e grito mudo e o corpo dela intacto,
lá por dentro do seu corpo dorido, até à lava.

só lhe restava reescrever a memória
(como fez o proust
e o rimbaud, quem sabe),
incendiar as gavetas das metáforas,
calar o desejo

e esperar.

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