sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Outro tu

vertes mudos espasmos nas encostas da luz
em rubra dádiva, não falas, cintilas.
não gemes, sorris.

o amor verte raios nas tuas costas,
volta a sorrir-te de longe,
convence-te metafísica e perene,
mente que não se esquece,
espírito apenas quase
e justa.

então sabes do sol e dos sentidos,
do teu corpo que faz doer um minuto
e não marca nódoa.
mas recordas que só as tuas palavras perduram,
a parte de ti que nenhum silêncio mata,
a única cicatriz indisfarçável
que neste chão de papel rodopia.

magoas-te até ao firmamento,
estrelas e fulgor e infinito,
num outro como só de sangue
como anjo ou conceito
em virtude realizado.

e a memória que me falha não te toca.

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