dobro a onda que me enrola
de flanela rente à tua respiração litoral
e estico o mar nos olhos
(tingidos de cinza,
espreitam-te a morte nas acções distantes.
as chamas arranham-me o espírito (sem novas palavras
desfaço
a ternura em farrapos, as dores em gotas
(altos luxos
despenham-se das nuvens que perguntam as horas
despenham-se no sítio das cantigas, do medo natural
despenham-se sem coroa nem brilho
na última pedra bordada de sal
(e lavo os dentes contigo, lado a lado,
a perda de tempo prevenindo.
todos os dias
bebemos demasiadas certezas, digo.
e tu dizes, nada há mais instável que o desejo.
sob o mistério da luz ofereço-te as mãos em florido desespero,
enquanto roda soul (your love was meant for me
na orla do sol
e os teus gestos reservados ao amor repetem-se no meu corpo.
todos os dias
o consolo chega tarde, digo.
e tu dizes, também as folhas falam ao vento sem que as oiçam.
e os meus gestos (vulneráveis, cantando
abraçam a longa travessia de regresso à solidão.
como sabes,
espera-nos outra vida.
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
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