segunda-feira, 11 de junho de 2012

Exílio

enquanto ouvia os teus velhos segredos
a cair
(um a um
nas carruagens de trémulo azul,
o comboio continuava
(assombroso
a sua viagem ao sombrio vale
(rumo ao fumo
entre pontes de vinil e desesperados montes
feitos com caixas de ovos
revestidas a fungos e líquenes
tão antigos como a tua primeira morada

chegava-me a eles
de flanela nas mãos
e toda sorrisos sem preço
pronta a silenciá-los num suave embrulho
e a arrancar
(ao quarto
dois metros de carris
enquanto o rufus martelava
as vantagens do exílio
nas teclas pretas

mas a mudez
que à cadência dos teus segredos sucedia
como remo afundado
pássaro estendido
ramo seco
nunca me satisfez

por isso comecei a cavar
(de enxada ao alto no soalho
contra a fome
que em segredo deixaste
neste coração exilado

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