terça-feira, 5 de junho de 2012

Pai

cabe a minha infância
(e os teus afazeres
no ferro velho.
e aquela fotografia
contigo
(de dedos enlaçados
as botas ortopédicas
as jardineiras
os sonhos todos na medida da franja
no quarto atrás da escada.

serve o meu espanto
(e a tua ausência
para medir
(ainda
o amor que levaste
no padrão repetido da gravata
(em cinzas
que foi do meu irmão.

pudesse eu lembrar-te
sem me tremerem os olhos
(como me tremem as mãos
e permanecerias de pé
crescente na terra
entre as flores
(e os meus afazeres
apesar de nós.

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