terça-feira, 10 de julho de 2012

O meu agora

verificas mensagens
ao dia dois
apagas versos
ao dia quatro
e ao dia sete não sais nem pestanejas
no patamar da casa onde
em dias distantes me esperaste
de abraço ferido
e memória carregada.

sempre que me lembras
dói-te cada um dos
trinta e cinco músculos
e os vinte e sete ossos das pontas dos dedos,
mas logo te recompões;
fechas a porta
desces as escadas sem pressa e atacas a marginal.

quando ao dia dezassete regressas
para arrumar o quarto
tudo se põe a morrer, incluindo a tua pele
como se eu tivesse no meu rosto retido
todo o teu sangue
e nas minhas mãos, como armadilhas
guardasse ainda o aterrorizado amor que
aos dias trinta desfazes em lume.

e nenhum fantasma te pára.

tenho a vida toda para te chorar, dizes.
podes dizê-lo porque o teu tempo continua barato.

o meu agora vale corações.

Sem comentários: