terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Marioneta

suspensa no tempo como uma marioneta
de cigarro nos dedos
fumo para me agasalhar
(o teu abraço em falta,
o teu olhar longínquo,
a tua raiva ainda ardente.

é um jogo sem fim, este,
em que como uma marioneta
de cigarro nos dedos
dou voltas ao meu papel na tua vida,
a fumar
enquanto luto por um caminho de paz.

mas todos sabem
que lutar a sós
é tão inútil como fumar:
não dá rumo às marionetas que somos,
suspensas no tempo que nos coube para sermos
(sem direcção, texto ou didascálias,
sempre a improvisar
mesmo quando o acertado talvez seja sair de cena,
depor armas
e fumar apenas,
em silêncio, na paz submersa
(e esquecer.

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