terça-feira, 29 de outubro de 2024

Abrir a janela

choro a mãe do Odair, 

como antes a do Paulo, 

sim, a minha, 


e a falta do teu colo.


então vejo-te, 

um recorte perfeito no branco da paisagem,

e logo retomo a marcha,

a fingir-me nova.


drama a mais nunca fez bem. 

antes café, vinho, pão com manteiga 

e as imagens da memória, 

fixadas em palavras, 

sobreviventes das procelas, do tempo, da saudade, 

outra vez a luzir.


só me apetece abrir a janela,

enxugar as lágrimas,

esquecer.


e pôr a mão de fora 

para o teu amor pousar.


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