bandos de palavras esvoaçam.
trazem-te, levam-te
e trazem-te outra vez.
abres-te chorando
até te fechares na noite.
enquanto bebemos tanto quanto conseguimos
festejo contigo o nosso encontro
e tu tentas distrair-te a contar-me aventuras,
torturas, tonturas,
como aquela do fetiche por pés,
a outra que te pôs sob vigilância
a que te seduziu em menos de nada
e te traiu com desculpas.
a cada brinde engulo os meus beijos que são teus,
quase me engasgo e o tempo esvai-se
num devaneio a mordiscar-te os dedos
a cobrir-te de gotas
de amor imaginário, de gatas
em sentido figurado, ou talvez não.
vou-te lendo as tatuagens,
procurando ignorar a pele que há por baixo
e respondo-te omitindo parte do que sinto
enquanto te vejo florir e murchar entre confidências,
a pensar em círculos
na dilacerada paisagem de quem levou mais uma sova
por que não esperava.
testa franzida, boca descendente, olhos tristes tristes
a fazer três lutos de uma vez.
nem acredito que alguém te devolveu.
para te trazer eu ao peito,
te reacender o sorriso,
o corpo, o viço,
onde é que assino?