invejava a tua juventude a dançar no tapete de areia das minhas tímidas navegações. as tuas mãos sem rosto aplaudiam o luar da minha noite de folheto turístico, onde nunca chovia e havia sempre lenços brancos a acariciar o éter das partidas e chegadas.
eu era um movimento literário entre as tuas coxas, um voo em metáfora na tua esquálida nudez. permanecia no avesso da tua pele quando as luzes se apagavam e renascia pela manhã ancorada nas paredes do teu peito.
a voz da escrita abraçava-me de vez em quando e um fogo vagaroso percorria o lago onde cisnes de luz trágica testemunhavam os teus passeios de fim de tarde, entre árvores centenárias e castelos de passado duvidoso.
encostada ao teu corpo liso e cálido como a neblina dos trópicos, sentia o meu coração de pedra a amolecer até se tornar uma polpa doce, um coágulo de puro desejo, mudo como uma península de sangue a resvalar lentamente para o rumor humano do mar.
eras-me tão essencial como o oxigénio nos pulmões e a brisa refrescante do litoral.
e eu entrava dentro dos teus olhos em mergulhos impetuosos e via-me imersa em ti como jamais estivera imersa em mim mesma, uma canoa naufragada nas torrentes do teu espírito.
dizias: visita-me como a uma aventura.
e eu percorria-te em carrósseis de beijos como se a tua carne clara, o esplendoroso revestimento dos teus ossos, fosse um imenso parque de diversões, aberto só para mim pela madrugada adentro.
sábado, 9 de junho de 2007
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13 comentários:
que posso dizer...?
parabéns!
podes dizer o que te aprouver... mas parabéns?... de quê?
olha, parabéns porque tu és uma constante celebração :-p
(desculpem meter-me na conversa)
estás à vontade, querida mei. queres celebrar comigo?
e celebramos o quê? (queres que te cante júlio iglesias ao ouvido, é?... tst tsst)
cantas...?
...tiveste uma noite de folheto turístico? ou partiste à aventura?... ;* (beijo com cheirinho a manjerico)
parti à aventura, admito...
eu não me controlo...
há que ser prático...
Gosto do movimento literário entre as coxas, da neblina dos trópicos e dos carrosséis de beijos.
do que tu gostas, sei eu...
o seu humor nesses comentários é tão bom quanto a sua inspiração para os poemas.
amo
obrigada, sou uma lírica bem humorada, sim, ou pelo menos esforço-me... volte sempre!
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