sábado, 17 de novembro de 2007

Por estes dias

sou uma cordilheira de nervos na tua pele, dizes.
por estes dias posso ouvir-te mas não acredito em ti.
começo a escalar-te no fundo da minha memória e no teu cume encontro-te a cortar pingos de chuva, a montar gargalhadas e a despir olhos.
depois saio para dentro de casa e deixo-te no jardim do que foste.
à lareira paro de pensar e observo onde moro.
tenho um espelho saudoso da minha juventude que me lembra a tua saudade, um pente de madeira como o rapaz das mentiras e um cinzeiro de pedra para apagar os dedos.
ligo ao jardineiro e deixo-me dormir.
o nosso tempo é de abraços e ampulhetas de areia movediça. é de amor barulhento e luar esquivo.
nos outros dias caem-me beijos para o chão.

2 comentários:

Anónimo disse...

pudera eu apanhá-los a todos.

Berta Cem Mil disse...

basta apanhares um. colocas na cornucópia, agitas e serves-te, diariamente ou não, à medida das tuas vontades...
são todos teus, de qualquer modo.