a fantasia definhou, amor,
os morangos já não descem pelo teu corpo,
deus nenhum nos convida para a sua ceia de fruta nova
e elfos gordos
nuvens trampolins e pratos de sal
mas os meus dedos caminhantes ainda exultam no teu rosto.
lambo a tinta das fotografias
e delas recorto o aroma distante da tua boca.
mordo-me entre as paredes vazias,
aliso-me como camisa
de pele nua,
danço piano, a carnivalsa sem tempo,
e páro antes que desapareça.
volta para casa, apetece-me dizer-te, apertando os lábios
contra a mordaça do silêncio, insone de pés gelados
e admirando a juventude com que ensaboas o olhar
antes de o passares pela torneira da ilusão.
e amo esta luta sem sangue e calada onde
à noite te procuro em todos os bares
e aliviada me sinto por não te ver,
sem sair desta cadeira de pau brando.
hesito. morro. venho-me às mãos do vento.
e demolho o coração em copos de vinho tinto.
sei que é cedo para a primavera embora já oiça
o seu murmúrio à minha porta.
mas não sei se a deixe entrar.
sou da terra como erva
e ainda me lembro de quando era um cadáver diferente,
firme de segredos e olhos secos.
hoje ainda prefiro ser este, amor,
que a lua vê e este telhado sem estrelas guarda.
ajusto o meu desejo ao teu e faço login.
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
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