terça-feira, 9 de agosto de 2011

Sonata

na ânsia fátua do segundo andamento
(dolente
que abstracta vibra no meu peito à espera de continuação
tento interminavelmente viver para hoje
(sem pressa.

estremece comigo o teu corpo
em milagre acontecendo no calor
das minhas mãos.
investigo-lhe os sinais escavados na pele,
mapas em relevo que de noite vejo melhor
e em silencioso rosário
oiço avançar
como bravos navios nas pautas imateriais.

do espelho recorto as chamas,
crepitante chuva de pessoas caídas
diluindo-se breves
nas águas da memória,
lamentáveis como mortes prematuras,
para guardar no fundo dos erros mais imprudentes.

e esqueço as violetas de lume
(dengosas
que ainda brincam na imagem,
como na outra vida, minha
sem a leveza dos beijos.

e apago as manhãs sempre velhas
(devagar
como corvos, enlutadas
apesar do balanço do sol nas janelas
que diariamente de coração aberto
se fechavam à entrada dos sonhos.

agora contigo
estremece
(pouco a pouco
o meu corpo
em cascatas
(variantes
de remanescentes harmonias.

e no teu abraço
(em todos os tempos
atraso
a conclusão.

5 comentários:

Anónimo disse...

Bonito, bem escrito, mas muito triste.
Reflecte a sintonia dos corpos, mas não, o mais difícil, a sintonia das mentes.

Sugiro reflexão. Abra os baús, reconcilie-se com as memórias, com as mortes, as pessoas caídas, os erros imprudentes, … Ganhe tranquilidade e recomece sem erros, nem mortes prematuras.

Beijos virtuais.

Berta Cem Mil disse...

sugere reflexão? recomeço sem erros? não sei quem você é, mas deve viver noutro planeta, identifica-me com o que escrevo ou... não percebo... uma boa vida para si! e obrigada por me ler, em todo o caso. divirta-se!!

Anónimo disse...

Não pretendi ofender ou melindrar.

Berta Cem Mil disse...

não me ofende nem melindra... para tal, no mínimo teria de ter uma identidade... assim, nem sei com quem falo... e enfim, não nasci ontem e sei que há gente para tudo... deve haver aí algum fenómeno de transferência, com recados para alguém que não sou eu, talvez para si mesmo. passe bem, boas férias!

Anónimo disse...

Neste mundo virtual nem eu, nem você temos identidade.

Construa as histórias que quiser relativamente ao meu simples comentário, que pretendeu ser simpático e construtivo. Se calhar a sua escrita revela mais do que gostaria, ou a minha intuição é boa, ou … a imaginação não tem limites.

Felicidades virtuais e reais.