terça-feira, 13 de março de 2012

Anterior ao pão do dia

agora que já não me dói a memória,
amo cada manhã por usar
como um vestido perfeitamente engomado
à espera de sair
e essa pele na minha pele
enquanto não acordo,
anterior ao pão do dia.

na cama lisa
beijo esse ar abençoado
que ao meu lado dorme
mas pede licença para entrar nos meus sonhos
e antes de pisar o chão
persigo o aroma das flores que se partiram na noite
e faço mais um traço vermelho
no calendário atrás das almofadas.

então solto-me do abraço
e fixo residência em mim
desejando apenas tornar-me mais nítida
ao atravessar a neblina dos teus olhos.

e lavro no rosto o campo da felicidade
(adoravelmente branco,
como esta folha por escrever.

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