quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Nunca te esqueças

apaixonada pelo teu sorriso,
presa aos teus olhos,
amarrada ao teu ser,
caminho inteira,
toda vestida de verdade,
na direcção exacta do teu abraço,
para me despir
sem temer,
sem sequer um tremor,
na concha das tuas mãos,
quente e salgada
como o mar dos trópicos.

e desato os nós do passado,
esse que não entendes
mas vives à beira de perdoar,
esse em que te não via
senão em sonhos,
sem reconhecer que eras tu que os habitavas.

pelo que digo,
sabes a intensidade do que sinto.
pelo que faço,
conheces a face concreta do que digo.
pelo que dou,
adivinhas a eternidade.

e ficas.

de uma vez.
por todas.

colada ao meu suor,
na minha pele exausta,
na paz do meu coração a chamar por ti,
até de longe,
até do outro lado do mar,
até ao silêncio.

oxalá
nunca deixes de me ouvir,
nem esqueças o mais importante.
a minha língua na tua língua,
sem palavras,
a falar eloquente
como só o corpo sabe.

mesmo sem trazeres o meu retrato ao peito
ou o meu nome tatuado num recanto.

tudo o que o nosso amor precisa
é de tempo

e de um horizonte claro
a acertar-nos o passo.

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