terça-feira, 30 de julho de 2024

Hoje vivo

com os teus olhos eloquentes
o teu sorriso inconstante 
a tua pele insurrecta
agitaste-me o coração, 
amigo íntimo do sol,
e adentraste-me rumo ao âmago 
pelos trilhos molhados do desejo.
foste marcando tudo
gestos decididos,
indicador em riste, 
palavras vulcânicas,
e queimando o que tocasses, 
até cobrires de terra 
a minha preciosa estrela interior.

e eu esqueci-me de viver.

árida,
já não me restavam sonhos, 
nem gestos, nem música,
mas tinha ainda a argamassa fértil do silêncio para moldar 
e um corpo que se movia.

como a sombra só desenha onde há luz,
atirei-me à escuridão para me salvar.

hoje vivo.

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