quando o espelho me pergunta
quantos sonhos tenho por viver
chego-me à frente sem dizer nada
e sorrio-lhe.
ele devolve-me a boca arqueada às avessas,
os sinais familiares
as velhas rugas de expressão,
redobradas interrogações.
e reconhece-me.
sabe quase quem sou:
pronuncia o meu nome,
mas não todas as idades que tenho em mim,
apenas aquela que os meus olhos conseguem ver,
nutrida de dores,
desvairada de mágoas,
ainda pulsante e amiúde feliz.
as outras guarda
para o que está por vir e eu desconheço.
não sei que lhe diga.
os meus lábios tremem,
a minha testa engelha-se
e as horas passam.
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