eis-me, aquela que amavas,
diariamente enlutada,
a girar incessante no redemoinho da saudade.
aquela que, quando à tua frente,
às cegas, encandeada pela tua luz,
preferiu voltar-se para dentro
e isolar-se num cortejo de sombras
que para sempre a conduziu ao vazio.
nele decidida se dissipa,
ecoando os mesmos mil erros
que sabiamente apontaste,
escondida num corpo que já ninguém deseja.
e escreve e reescreve o glossário da perda
com palavras gastas, cada vez mais inúteis,
que lhe roem a língua com os seus próprios dentes.
eis-me, aquela que amavas,
no caminho resoluto de uma morte repetida.
a pior morte é esta, a que ainda respira
mas já só caminha para trás.
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