metáforas são subtilezas tecidas a negro, criadas para vestir as palavras normais, cansadas de apenas nomear o mundo.
carregadas de cores, fios, sentidos,
já não sabem o que são
e, como gente que se esconde e disfarça,
jamais podem ser encontradas
por quem as procurar.
é essa a grande doença da poesia:
o que lhe dá poder mágico
é também a sua inevitável perdição.
o amor, como calculas, tem a mesma raiz.
e no subtexto do meu coração,
profundo como árvore,
interior como poema,
não há como medir raízes.
e se as desenterrares, perguntas,
a viajar no verso do André,
inspirado traje de trauma, medo, preconceito teimoso.
a planta corre o risco de morrer, respondo.
pois que morra. tudo o que é vivo renascerá,
com sorte mais humano, rebates tu.
não suspeitas que é de mim que falo.
nem que morrer mais uma vez
pode extinguir-me para sempre.
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