havia um rio ao fundo da rua e tu pedalavas devagar na tua bicicleta, descrevendo arcos de sete cores entre as pedras da estrada para a cidade.
eu era uma flecha de fulgor acasalando com o centro do teu peito e lia realidades paralelas nos recados que me deixavas em cima da mesa do pequeno-almoço.
às vezes amachucava a folha do bloco de notas nas mãos vazias e estendia-me no tapete a imaginar o que o teu gato sonharia naquelas manhãs quentes no terraço, com o sol a bater-lhe nos bigodes.
mas na maioria dos dias limitava-me a espiar o namoro das árvores pela janela entreaberta. e esperava-te até à noite no meu mundo despido, languidamente enternecida pela memória do teu cheiro nos meus dedos.
certa madrugada trouxeste-me um colar de nuvens.
o céu é uma cortina teimosa, disseste.
e eu disse: não desistas.
no nosso beijo ergueu-se então o amor todo. a tua respiração susteve-se no espaço do meu abraço e o meu coração enrolou-se entre as tuas clavículas.
e eu cantei, com o pescoço adornado de um branco impossível.
terça-feira, 25 de setembro de 2007
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2 comentários:
como mais ninguém. tu.
de quantas histórias são feitas os amores nascidos no teu coração?
querida frambú,
as histórias são feitas de amores, os amores são feitos de inefáveis... e no meu coração cabem mais histórias do que no livro da sherazade.
obrigada por vires. um beijo.
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