sábado, 13 de outubro de 2007

África

este amor foi bruma e turvo horizonte, nuvem e esparsa folhagem de espuma, firmamento eufórico de estrelas sem brilho.
e acendeu-se depois, numa colecção de instantes a descrever um arco de ogiva perfeita do meu coração ao teu.
entre as fagulhas que dançaram nas tuas ancas e o medo calado, sem espessura, que se agarrava às paredes durante a noite, nasceram cristais de ternura.
e eu cravei-os no teu peito, misturados com palavras adolescentes e reflexos de beijos labirínticos.
disseste: nenhuma sede me embriaga.
e eu disse: o meu corpo é escasso para os teus lábios.
mas os nossos batimentos cardíacos eram já uma percussão ensurdecedora, com a tua áfrica a sacudir o meu inverno e as minhas linhas de sal a riscar o teu fôlego.
hoje amo-te tão claramente que a luz dos meus olhos no espelho ameaça cegar-me a qualquer momento.
um dia mando gravar-me inteira num bago de arroz, para viver para sempre entre as tuas missangas.

1 comentário:

Anónimo disse...

*