terça-feira, 14 de outubro de 2008

Mãos dadas

dadas vão as nossas mãos para todos os lados,
entregam-se aos efeitos do arco-íris
e atravessam florestas silenciosas
e cidades com ruas forradas a sopros de saxofone.
às vezes abrem-se para agarrar,
mas também se fecham
(como olhos
para dormir.

e não mentem.

dadas vão as nossas mãos para casa
e deitam-se
uma na outra, uma com a outra, uma sobre a outra, ou dentro
(como nós
vão para casa recolhidas nas conchas de si mesmas
e então renascem,
saem para a luz,
esticam-se como quem se espreguiça
voam como se planassem
e escorregam nos declives das nossas peles.

dadas vão as nossas mãos pelo mundo
e falam
(mansas delicadas
de amor.

dadas vão as nossas mãos
ao encontro da morte
agora ainda menina
de rosa vestida
ao nosso colo.
e enquanto dadas vão as nossas mãos
quase conseguimos ignorá-la

e dançar.

1 comentário:

Rita Só disse...

é sempre bom ter um encorajamento vindo de alguém, que sem face, aproxima-se de mim pela escrita. adorei a frase:"como deves recordar-te, passei a andar com colares de violetas ao pescoço e dentes-de-leão nos olhos a desfolhar-se lentamente em brancas lágrimas voadoras"...bom blog