reinvento-me hoje
pouco mais que orvalho
nas nervuras das folhas
na correnteza do que é natural
e de vida firme.
nada me pertence além destas lágrimas
de olhos voltados para dentro
no medo de ver a verdade,
na esperança de não confirmar
que para mim não existe casa,
apenas abrigos,
e que os meus desejos morrem à luz,
sucumbem de imediato
quando lhes bate o sol
e largam a penumbra deste quarto
onde só a memória persiste,
e conforto nenhum.
sei que a minha magia é real,
e posso ter o mundo no corpo,
porque afinal o que perdi
não foi meu jamais.
amanhã
finalmente livre
hei-de converter-me em flor
rosa ou lírio
margarida até
ou narciso.
e
poderás desfolhar-me de novo.
ou pôr-me
a enfeitar-te os cabelos.
nesses finíssimos fios de disfarçada brancura
que por vezes acompanham o vento
viverei feliz.
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
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