olha como as rosas morrem
entre os meus frágeis dedos de nós pronunciados,
cordas marinheiras que me amarram
a este mastro onde nem uma vela persiste,
tranças de fibrosos fios e carne clara
que irremediavelmente me prendem
à minha inútil liberdade
e de ti nenhuma memória guardam.
morre a esperança com elas.
e o entusiasmo festivo das ondas.
mas antes que lhes sequem as últimas pétalas,
convocam de novo o amor como se fosse vivo
e engolem o seu único filho com a pontualidade atenta
dos melhores gageiros.
já não comem água
nem luz, estas rosas,
senão quando me vêem gesticular ansiosa,
de coração a atrapalhar os revigorados jardins
que em mim despontam,
temperados a suor e férteis como
o bolor das carcaças e o tutano dos ossos.
sacrificam-se pelo meu rumo. e ameaçam
levianamente levar com elas as tuas cores,
sinaléctica de desactivadas fortalezas que à noite
me tranquiliza e pela manhã me esmaga
de medo.
olha como oiço fados e tangos e boleros no convés
para me distrair da morte das rosas
e como afinal talvez me baste um sonho transatlântico
e uma puta filipina
para flutuar dançando
até ao futuro outra vez.
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
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2 comentários:
caracaças?
ahah, caro Anónimo, errar é humano, ainda bem que estava atento, obrigada: já emendei...
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