arranco-me do medo,
retraio-me do desânimo,
esqueço a culpa
que ainda há dias trotava como cavalos na arena infernal
da minha consciência.
de novo idealista,
insensata talvez,
volto a acreditar no nosso amor,
inextinguível no cume da montanha mais íngreme,
infinito no fim da estrada mais incerta,
cintilante no interior mais esquálido da noite.
e oiço violinos pungentes
em declinações enlevadas
enquanto me preparo para ir ao teu encontro.
cabelo lavado,
unhas cortadas,
pele hidratada,
roupa cheirosa.
visto-me de sorriso na boca e alma agitada
na perspectiva do milagre:
um abraço apenas
e a vastidão do mundo nele contido,
à flor do teu corpo.
estou a caminho,
sem vergonha,
imperfeita, insegura, mas decidida.
mas tu dizes, não venhas.
eu recolho-me, dispo-me,
não discuto.
sei que tendes para o real
como eu para a maresia
e é sagrado o teu tempo e forte o sentimento.
e que toda a verdade depende da perspectiva
e o milagre, claro é,
sempre esteve somente na minha fantasia.
domingo, 10 de maio de 2020
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