a tua ausência renova-se.
linhas de luz desequilibram
este desdizer dos ecos do futuro
e eu duplico-me solitária
arrepiada no espelho
à mercê do teu sopro desfeito.
por dentro das dúvidas,
das perguntas enoveladas na memória,
crepitam ainda palavras aos pares
como braços
viventes no vazio
e apesar do vazio.
em decomposição
como nós
dobram-se a si mesmas,
ecos flamejantes do que fomos
mas tão pouco dizem
como quando
muito antes de ti
eu brincava com elas
só porque o branco da folha me inquietava.
acostumada à morte,
noutra dimensão
ainda me perco nesse rasto de bocas ougadas
que guardo no espaço do silêncio.
e à noite
deixo a luz acesa para te esquecer
no limiar do sono em que o meu corpo se esfuma
abro-me à queda, una e refletida
no arco dos teus ombros
sobre o papel.
é um luxo.
sempre apreciei o movimento que me deita.