se me empurras para longe, só me apontas as falhas
e a minha maneira de salvar os dias
apenas te parece um erro de empatia que não podes entender,
se a ternura não chega quando a carne se cala,
amputados os nossos corpos por tua vontade,
eu afasto-me.
a reacção é natural,
também aqui estou de rastos,
com as tuas raízes no meu coração insignificante,
sob os astros que se não vêem,
a subir esta íngreme colina onde gostava de levar-te,
fizesse a minha existência alguma diferença no teu mundo.
é a raiva que te alimenta os versos, dizes.
e eu digo, julgas-me maior do que sou,
prosaica e terrena como o quotidiano,
estou melhor sem poesia do que sem ti.
mas
se me dás um caminho, eu ando.
a reacção é natural,
também aqui estou neste jardim nascente
com um lago ao centro,
amorosa companhia que nada exige,
onde as memórias flutuam descompassadas
e os pássaros se refrescam mudos
e as flores se olham ao espelho, altivas,
tão conscientes da sua justa beleza como tu.
mesmo que não escutes o som dos meus passos,
eles só conhecem uma direcção,
a luz dos teus olhos apagada de momento
e a paz do teu abraço, naturalmente.
terça-feira, 21 de abril de 2020
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